Vida alheia

Como é pernicioso ocupar-se da vida alheia. Quando isso ocorre, esgota-se aos poucos o tempo que se tem para administrar a própria vida. Não faça isso, meu filho. E se o fizer, cuide bem dela tal como se fosse sua; será uma boa oportunidade, terás outra vida. Isso faz de minhas palavras redundantes. Estando alguém que se dispõe a tal conduta necessitando de tempo para si, não faria muita coisa a seu proveito. Também não poderia fazer pelos demais, dos quais administraria de longe suas vidas. Tudo isso ao meu entendimento só demonstra uma coisa: Que quem quer que seja, estando disposto a cuidar da vida que não lhe compete, ataca a arbitrariedade do próximo. Esta atitude, como todas, retorna e trás consigo suas conseqüências. Fica provável que a existência de quem se ocupa com o que não é seu está em ruínas. Interferir na liberdade de outrem é provar a si o quanto é escravo daquele a quem julga.
Costumam eles empenhar suas forças difamando o curso da vida daqueles que se ocupam somente de si. Estes sempre serão a razão do enfado daqueles homens entregues à frustração. O que quer que seja que aconteça em nossa vida, é partícular. Ainda assim, eles nos observam prontos para iniciar o julgamento, administrar e divulgar nossas realidades. Tudo isso confirma o estado e a condição da vida desses intrometidos. Suas vidas beiram o abismo, elas provam o quanto tem sido vã a existência dessa classe de pessoas!